Ronco, cansaço e boca seca podem ser sinais de apneia do sono?
- Redator

- há 2 dias
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Frequentemente tratado como algo inofensivo e até motivo de brincadeiras ou briga conjugal, o ronco pode ser o primeiro sinal de um distúrbio respiratório sério: a apneia obstrutiva do sono.
Muito mais comum do que se imagina, a doença provoca interrupções repetidas da respiração durante a noite, prejudicando o descanso e comprometendo progressivamente a saúde física e cognitiva.

Embora nem todo indivíduo que ronque tenha apneia, o ronco persistente é considerado o principal sintoma noturno da condição. Na apneia obstrutiva, a via aérea superior sofre estreitamentos ou bloqueios temporários, levando a pequenas pausas respiratórias.
Diante da falta momentânea de oxigênio, o corpo reage com microdespertares, um tipo de despertar tão rápido que a pessoa sequer percebe que acordou para restabelecer a sua respiração. Essa fragmentação do sono explica por que muitos acordam pela manhã com a sensação de que passaram a noite lutando contra o cansaço, mesmo tendo dormido bem, aparentemente.
As quedas de oxigenação e a ativação repetitiva do sistema adrenérgico podem provocar variações bruscas da pressão arterial e da frequência cardíaca. Com o tempo, isso aumenta o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC), arritmia e diabetes, além de afetar o desempenho cognitivo, como memória e concentração.
É comum também que quem sofre de apneia relate irritabilidade, dificuldade para focar no trabalho e sonolência excessiva. Não é incomum que esse quadro acabe sendo confundido com “cansaço acumulado”.
Fatores de risco começam cedo
A apneia não é causada apenas pelo envelhecimento, embora a idade possa agravar o quadro. Mesmo indivíduos jovens podem apresentar o distúrbio, especialmente quando diversos fatores de risco se somam, como:
Obesidade, já que o acúmulo de gordura no pescoço e nas vias respiratórias estreita a faringe, facilitando o colabamento durante o sono;
Características anatômicas — como rinite crônica, amígdalas aumentadas, arcada dentária estreita e respiração bucal — podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio desde a infância;
Alterações estruturais da via aérea, que dificultam a passagem do ar, também são fatores agravantes.
Tratamento
O manejo da apneia do sono varia conforme a gravidade e as necessidades do paciente. Entre as principais estratégias estão:
1. Mudanças comportamentais
Evitar álcool antes de dormir, preferir dormir de lado, manter uma rotina de sono regular e não ir para a cama excessivamente cansado são alguns exemplos de ajustes comportamentais simples que podem ajudar a reduzir o ronco típico da apneia.
2. CPAP
Nos casos moderados a graves de apneia, o tratamento mais efetivo é o equipamento Continuous Positive Airway Pressure (CPAP), cujo nome em português significa “pressão positiva contínua em vias aéreas”. Esse aparelho envia ar pressurizado por uma máscara nasal para manter a via aérea aberta.
Quando utilizado corretamente, o dispositivo reduz os riscos cognitivos e cardiovasculares associados à doença.
3. Aparelhos intraorais
Para quem não se adapta ao CPAP ou apresenta quadros mais leves, há dispositivos intraorais disponíveis no mercado. Ao avançarem levemente a mandíbula, eles ajudam a reposicionar a língua e a desobstruir a passagem de ar.
4. Cirurgias e fortalecimento muscular
Existem cirurgias direcionadas à via aérea e procedimentos esqueléticos faciais quando há indicação específica. Exercícios para fortalecimento da musculatura da faringe também podem ser utilizados como complemento.
Uma doença séria, mas tratável
Apesar de silenciosa, a apneia obstrutiva do sono traz consequências significativas e tende a se agravar quando não diagnosticada. A boa notícia é que existem diversas abordagens terapêuticas eficazes e acessíveis.
O recado é claro: roncar não deve ser normalizado.
Ao perceber o sintoma, especialmente quando acompanhado de cansaço intenso, sonolência diurna ou boca seca ao acordar, é fundamental buscar avaliação especializada e garantir um sono verdadeiramente reparador.
_______________________________________________ Fonte: Einstein Hospital Israelita.






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